domingo, 26 de dezembro de 2010

A música que eu gosto (4) - Brigada Victor Jara (2)

Mais uma música da Brigada Victor Jara. Desta vez escolhi um tema oriundo de Paradela, em Trás-os-Montes, magnificamente interpretado pela Brigada: "Oh Bento Airoso". Tem a ver um pouco, também, com a época festiva que atravessamos...

JOAQUIM COSTA (1) - Natal 1945


Joaquim Costa foi um extraordinário poeta.
Nasceu em Moura, a 18 de Setembro de 1913.
Farmacêutico de profissão (naquele tempo dizia-se "boticário"), a sua grande paixão, contudo, era a poesia.
Teve papel bem activo na vida cultural da então vila de Moura. Escreveu letras para marchas populares. Publicou no jornal "A Planície" os "Perfis Mourenses" (onde desafiava os leitores a descobrir quem eram as raparigas mourenses a quem, mais ou menos subtilmente, se referia nas quadras que escrevia) e os "Perfis a Lápis" (onde retratava, também em quadras, algumas figuras típicas da vila de Moura, acompanhadas por uma caricatura a lápis de António Franco, outro genial artista mourense). Escreveu letras para canções e para inúmeras peças de teatro.
Em colaboração com José de Oliveira Cosme, criou "A Valsa Moura", que veio a ser cantada na antiga Emissora Nacional.
Faleceu, prematuramente, a 7 de Julho de 1956, com apenas 42 anos.
O Cine-Teatro Caridade ostenta, no seu átrio, uma placa onde, com toda a justiça, se evoca o nome do poeta.
A Avenida Poeta Joaquim Costa, uma das mais percorridas da cidade, mantém viva a memória deste notável mourense.
Em 1982 a Câmara Municipal de Moura, por proposta de João da Mouca, publicou um livro onde se reuniu a maior parte da obra do poeta. Em boa hora o fez, embora, acrescento eu, não fosse má ideia proceder-se a uma reedição (talvez em 2013, ano do centenário do nascimento de Joaquim Costa) uma vez que a primeira edição está praticamente esgotada.
Os poemas que compõem o livro deixam transparecer o amor que o poeta tinha à sua terra.
Temas como a lenda da Moura Salúquia, a Nossa Senhora do Carmo, o Natal ou o S. João são recorrentes.
E já que estamos em época natalícia, aqui vai este magnífico "Natal 1945":


Há um momento só, uma hora apenas
Em que as paixões do mundo, o ódio, a guerra,
Parecem suspender-se, repousar...
Algo de novo passa sobre a terra:
Sopro de amor afuguentando as penas,
Mão que se estende para nos salvar.

Não se sabe porquê mas é mais pura
A luz vinda dos espaços,
Em nosso derredor há mais ventura,
mais calma, mais certeza em nossos passos.

Sentimos mais amor por cada qual,
Tudo respira paz e alegria,
Uma alegria que se não traduz...
- NATAL, NATAL!
Bendito dia
Em que nasceu Jesus!

E nesta hora a louca Humanidade
Escuta a voz de Deus e vibra e canta,
Acende o lar, estende a sua mão...
Depois, depois, a mesma crueldade,
O ódio, a vida incerta e sem esperança,
O mesmo caminhar na escuridão.