sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Desenhos animados inesquecíveis (1) - La Linea


Quem pertence à minha geração (finais da década de sessenta, princípios da década de setenta) recordará, certamente com nostalgia, muitas das séries de desenhos animados que a RTP passava diariamente nos "espaços mortos" entre dois programas (num tempo em que a publicidade ainda não monopolizava esses espaços, como hoje acontece).

Os célebres programas de Vasco Granja - a quem se deve a divulgação de inúmeros autores e personagens de animação americanos, canadianos e do leste da Europa - eram outra oportunidade para ver boas séries. Séries que nem sempre eram desenhadas. Lembro-me de o Vasco Granja chamar sempre a atenção dos pequenos telespectadores para as diferentes técnicas que os realizadores utilizavam. Os personagens podiam ser feitos de plasticina, ou simplesmente desenhados na areia. Ou, então, as diferentes partes que constituiam o personagem (cabeça, tronco e membros) podiam ser desenhadas e recortadas em cartolina, o que permitia que o realizador fosse, progressivamente, mexendo o boneco fotograma a fotograma. Os bonecos podiam, também, ser em PVC articulados, ou, simplesmente, ser recortados numa cartolina preta, com uma luz branca por trás (o que dava um efeito tipo sombras chinesas), etc, etc... Tudo coisas que me fascinavam mas que, hoje em dia, não se explicam aos miúdos...

Se bem que as séries americanas, desde essa altura, nunca deixaram de ter o seu espaço na televisão portuguesa (chegando mesmo a haver à venda, hoje em dia, edições em DVD), a verdade é que das séries canadianas ou do leste europeu pouco mais se ouviu falar, infelizmente.

Assim de repente, lembro-me de algumas das séries animadas que mais me fascinavam: "A Pantera Cor-de-Rosa" (onde aparecia, de vez em quando, o Inspector Closeau, quanto a mim um personagem ainda mais interessante que a própria Pantera), "Bucha e Estica" (outra série estupenda), "Calimero", "Popeye, o marinheiro", "As aventuras do Rei Artur", "As viagens de Gulliver", "O Professor Baltazar" (uma das boas séries de animação produzida nos países de leste), "A floresta azul", "O Carrocel Mágico", "Os Barbapapas"... entre tantas e tantas outras.

De entre os desenhos animados americanos destaco: "Tom & Jerry", "Bugs Bunny", "Speedy Gonzales" (o meu preferido), "Daffy Duck", "Coyote e Beep-Beep", "Woody Woodpecker" (O Picapau), Mister Magoo, Droopy, The Flintstones, Pixie & Dixie, Zé Colmeia & Catatau, etc, etc...

As séries de realização japonesa (ou com influência japonesa), obviamente, também me agradavam muito: "Heidi", "Marco", "Bana & Flapi", "Conan, o rapaz do futuro", "Mazinguer Z" (esta passava apenas na TVE), El Cid, Tom Sawyer, etc...

Hoje, contudo, vou falar de uma série italiana, criada pelo extraordinário cartunista que foi Osvaldo Cavandoli. Trata-se da série "La Linea" (ou seja, "A Linha"). O título diz tudo acerca do personagem uma vez que se trata de um boneco desenhado sob a forma de contorno e que se desloca sempre sobre uma linha horizontal. Na maioria dos episódios o personagem contracena com o próprio desenhador (do qual só aparece a mão), pedindo-lhe para este desenhar aquilo que na altura necessita para resolver determinado problema.

Esta ideia, pouco comum, de desenhar um personagem só com uma linha, aliada ao bom humor e ao excelente desenho (poucas são as coisas fáceis de desenhar só em contorno e Osvaldo Cavandoli fazia-o de maneira magistral) foi o que lançou a série para a fama.

Para quem não conhece a série, aconselho uma vista de olhos pelo Youtube e perceberá, imediatamente, o que quero dizer.

Osvaldo Cavandoli (1 de janeiro de 1920 - 03 de março de 2007), também conhecido por Cava, foi um cartunista italiano. A sua obra mais famosa é a série de desenhos animados La Linea, transmitida na televisão entre 1972 e 1991. Cavandoli nasceu em Maderno sul Garda, Itália, mas foi para Milão quando tinha dois anos (mais tarde chegou a tornar-se cidadão honorário desta cidade). De 1936 a 1940 ele trabalhou como desenhador técnico para a Alfa Romeo. Quando desenvolveu interesse pelos quadrinhos, em 1943, começou a trabalhar com Nino Pagot (que mais tarde criou Calimero). Em 1950 começou a trabalhar de forma independente como director e produtor. Tornou-se famoso por sua La Linea, uma caricatura desenhada simplesmente com um traço branco. A sua primeira aparição ocorreu em 1969. Em 1978 e 1988, ele desenvolveu dois novos personagens: sexlinea e eroslinea. Faleceu um 2007.

10 comentários:

João Amaral disse...

Obrigado pelo filme. Fez-me lembrar bons velhos tempos. Recordo-me perffeitamente desses desenhos animados únicos, pois o que é espantoso é que aquilo está tão bem feito que até parece simples. Como aliás yudo o que é bem feito.

João Amaral disse...

tudo, queria eu dizer. É que de vez em quando as teclas fogem-me.

Carlos Rico disse...

Meu caro João Amaral, grande amigo e grande artista das lides da banda desenhada:
Obrigado pelo teu comentário. Vejo que continuas a espreitar, de vez em quando, o meu Raridades3.
Pois, de facto, La Linea era uma série animada de excelente qualidade e que, para a nossa geração, será impossível de esquecer. Mas não era a única. A seu tempo colocarei mais filmes de outras séries estupendas que, por certo, também recordarás com agrado.
Grande abraço e, já agora, deixo o endereço para o teu blogue (excelente) de ilustração e banda desenhada para quem quiser consultar:
http://joaocamaral.blogspot.com/

Anónimo disse...

Tenho o prazer de ter uma serigrafia assinada pelo Osvaldo Cavandoli: o boneco do La linea, com uma caveira na mão numa pose Hamletiana!

André Ferreira

Anónimo disse...

Sou angolano, estava a lembrar o bucha e o estica qndo cheguei nesse blog. Nasci em 1986 mas o vosso tempo como o chamam é muito bonito em alguns aspectos. Gostei de tudo k vi aqui, Sc obrigado!

C. Rico disse...

Meu caro André:
Só agora dei pelo teu comentário (não sei porquê não me chegou nenhuma notificação ao meu e-mail; provavelmente porque este blogue já tem um esquema antigo que precisará de ser actualizado muito embora eu prefira continuar sem lhe mexer)!
Pois muito me contas! Uma serigrafia do Cavandoli?! E onde é que isso se arranja que eu também quero uma? :)
Grande abraço
Carlos Rico

C. Rico disse...

Caro "Anónimo":
Obrigado pelo seu comentário e pelos elogios ao "meu tempo" e ao blogue. Começa a ser uma "raridade" quando alguém mais novo do que nós tem esse tipo de opinião e não nos trata como "kota"... ;)
Continue atento ao "Raridades3" porque ele vai mexer nos próximos dias...
Abraço
Carlos Rico

Unknown disse...

Olá, espero que estejam bem, em 2021. Sabem se há imagens da série Chapi & Chapô, de plasticina, apresentados pelo grande Vasco Granja, em 77/78, talvez? Tenho tantas saudades de rever isso

Unknown disse...

Desculpem meu nome é Vasco Livreiro e tenho 50 anos.

C. Rico disse...

Olá Vasco Livreiro, obrigado pelo seu comentário.
Sim, ainda existem alguns filmes na net sobre essa série, que também recordo perfeitamente no programa Animação do Vasco Granja. Deixo-lhe aqui o link para visionar um deles: https://www.youtube.com/watch?v=EknocveaZCo
Saudações,
Carlos Rico