O filme que aqui vos trago hoje é para mim muito especial.
A partir do final dos anos 70 (e durante toda a década de 80), fui um assíduo espectador dos programas de Cinema de Animação apresentados por Vasco Granja, na RTP1.
Foi numa das mais de mil emissões(!) que esse programa teve que, um dia, visionei o "Crac" pela primeira vez. A história de uma cadeira de baloiço, contada sem legendas mas com uma inesquecível banda sonora ficou-me sempre na memória e com vontade de saber mais sobre esta autêntica obra de arte.
Só passados muitos anos voltaria a ter a oportunidade de visionar o "Crac". Numa conversa informal com Artur Correia - um dos nossos maiores autores de banda desenhada e cinema de animação - perguntei-lhe se se lembrava de um filme que contava a história de uma cadeira de baloiço. "É o Crac!" - disse-me, de imediato, o Artur, que, volvidos alguns dias, me enviou para casa um cd com este filme (e outros de sua autoria).
O "Crac" foi realizado por Frédéric Back, nascido em St. Arnuald, nas proximidades de Sarrëbruck (por esse tempo, território francês), a 8 de Abril de 1924. Emigrou, posteriormente, para o Canadá onde exerceu, com grande sucesso, a sua actividade como realizador de cinema de animação.
"Crac" traça a rápida transformação da sociedade do Quebéc, através da história de uma cadeira de baloiço.
Frédéric Back leva-nos de volta às ricas tradições, varridas pelas forças inexoráveis do progresso e da urbanização.
"Crac" é o som de uma árvore caindo, cortada para fazer uma cadeira e é, também, o som da cadeira enquanto balança. E pode ser, ainda, o som de uma fenda nas nossas vidas, quando a mudança acontece demasiado rapidamente.
Com este filme, Frédéric Back ganhou um merecido Óscar, em 1982.
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