sexta-feira, 20 de setembro de 2013

JOAQUIM COSTA (4) - Terceiro Epigrama


Passaram, anteontem, 100 anos desde o nascimento de Joaquim Costa.
No Cine-Teatro Caridade, o Grupo de Teatro "Carpe Diem", de Moura, assinalou a data da melhor maneira: declamando poesia.
Embora no início da sessão, Maria Eugénia Costa - filha do poeta - tenha afirmado que encarava este dia como um dia de alegria, a verdade é que a música, as imagens projectadas, os poemas declamados, a encenação e interpretação dos actores, fizeram deste um espectáculo emotivo do princípio ao fim.
Uma merecida e demorada salva de palmas recompensou o trabalho do Grupo - onde é justo referir a abnegação e o empenho neste projecto demonstrados pela encenadora Geninha.
A maioria dos actores do "Carpe Diem" é muito jovem, o que deixa no ar a legítima esperança de que a obra do poeta permanecerá entre as gerações mourenses vindouras.
Esta Sessão de Poesia tem uma segunda  e última apresentação agendada para o próximo domingo, dia 22, pelas 16:00 horas.
Deixo aqui um dos melhores poemas de Joaquim Costa, por sinal o último a ser declamado na sessão de anteontem pelo Grupo "Carpe Diem".


TERCEIRO EPIGRAMA

Vive a teu modo. Sê forte qual rochedo
Erguido frente ao mar.
Sorri às tempestades e nunca tenhas medo
Do vento que soprar.
Acredita em ti mesmo, constrói por tuas mãos o teu destino

E vive em cada hora a tua vida.
Não detenhas teus passos na subida
E sê humano para ser divino.
Os outros, os banais, os das palavras ocas,
Os que sabem sorrir e adular
E embriagam como o próprio vinho,
Esses, hão-de perder-se no caminho
E tu, hás-de ficar!


Epigrama (Gregoἐπί-γραφὼ, literalmente, "sobre-escrever"), é uma composição poética breve que expressa um único pensamento principal, festivo ou satírico, de forma engenhosa.
O Epigrama foi criado na Grécia Clássica e, como o significado do termo indica, era uma inscrição que se punha sobre um objeto - uma estátua ou uma tumba, por exemplo.
Os epigramas sobre as tumbas formaram uma classe à parte e se denominaram Epitáfios ou Epicédios, designando um poema engenhoso que tinha a característica de ser breve, para poder passar por rótulo ou inscrição.
A maioria dos epigramas gregos pode ser encontrada na Antologia Palatina. Além dos gregos, destacaram-se na composição de epigramas os romanos Catulo e Marco ValerioMarcial.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DESENHOS ANIMADOS INESQUECÍVEIS (3) - "CRAC"



O filme que aqui vos trago hoje é para mim muito especial.
A partir do final dos anos 70 (e durante toda a década de 80), fui um assíduo espectador dos programas de Cinema de Animação apresentados por Vasco Granja, na RTP1.
Foi numa das mais de mil emissões(!) que esse programa teve que, um dia, visionei o "Crac" pela primeira vez. A história de uma cadeira de baloiço, contada sem legendas mas com uma inesquecível banda sonora ficou-me sempre na memória e com vontade de saber mais sobre esta autêntica obra de arte.
Só passados muitos anos voltaria a ter a oportunidade de visionar o "Crac". Numa conversa informal com Artur Correia - um dos nossos maiores autores de banda desenhada e cinema de animação - perguntei-lhe se se lembrava de um filme que contava a história de uma cadeira de baloiço. "É o Crac!" - disse-me, de imediato, o Artur, que, volvidos alguns dias, me enviou para casa um cd com este filme (e outros de sua autoria).
O "Crac" foi realizado por Frédéric Back, nascido em St. Arnuald, nas proximidades de Sarrëbruck (por esse tempo, território francês), a 8 de Abril de 1924. Emigrou, posteriormente, para o Canadá onde exerceu, com grande sucesso, a sua actividade como realizador de cinema de animação.
"Crac" traça a rápida transformação da sociedade do Quebéc, através da história de uma cadeira de baloiço.
Frédéric Back leva-nos de volta às ricas tradições, varridas pelas forças inexoráveis do progresso e da urbanização.
"Crac" é o som de uma árvore caindo, cortada para fazer uma cadeira e é, também, o som da cadeira enquanto balança. E pode ser, ainda, o som de uma fenda nas nossas vidas, quando a mudança acontece demasiado rapidamente.
Com este filme, Frédéric Back ganhou um merecido Óscar, em 1982.